Municípios possuem incidência da doença superior a 300 casos confirmados para cada 100 mil habitantes
A redução do número de casos e óbitos causados pela dengue no ano passado em relação a 2013 foi um grande passo positivo para o combate à epidemia no Ceará. A queda, no entanto, não representa alívio, uma vez que dezenas de cidades continuam em estado de alerta para a doença no início deste ano. De acordo com o mais recente boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), 32 municípios cearenses apresentaram, em 2014, taxas de incidência da infecção superiores a 300 casos para cada 100 mil habitantes, quadro considerado grave pelo Ministério da Saúde.
Localidades como Piquet Carneiro, Brejo Santo, Santana do Cariri, Campos Sales, Hidrolândia, Alto Santo, Tauá, Jaguaribara e Pereiro tiveram as maiores incidências no Estado, variando entre 952,44 e 2.459,1 casos registrados a cada grupo de 100 mil pessoas. Em um município – Arneiroz, no Sertão dos Inhamuns – a proporção foi alarmante, chegando a mais de 10 vezes o parâmetro do Governo Federal. Lá, foram 3.669,84 ocorrências por 100 mil habitantes.
“Não é porque houve uma redução que podemos descuidar”, afirma o coordenador de Proteção e Promoção à Saúde da Sesa, Márcio Garcia. “Já estamos completamente em alerta, pedindo para que cada município monte seu plano de contingência e identificando mais precocemente o aumento de casos”, acrescenta.
Controle
Segundo Garcia, a alta incidência de dengue nessas regiões pode ser atribuída a múltiplos fatores, desde o volume total de chuvas à quantidade de agentes de saúde e de vigilância epidemiológica em atuação. No entanto, o coordenador ressalta que todos os municípios precisam intensificar as ações de controle da doença.
As 32 cidades em situação delicada, de acordo com o Ministério, somaram 7.912 casos da infecção no ano passado, cerca de 47% do número total de ocorrências no Estado. Nove deles foram de Dengue Grave (DG), caracterizada por choque circulatório, sangramento grave e comprometimento grave de órgãos, como dano no fígado, no sistema nervoso central e no coração. Destes, seis culminaram na morte dos pacientes.
Márcio Garcia destaca que a quantidade de óbitos diminuiu de forma significativa em todo o Ceará de 2013 para 2014. Algumas explicações, segundo ele, podem ser o sorotipo em circulação, menos letal que os anteriores, e a melhoria da atenção na rede de saúde estadual.
Contudo, o coordenador afirma que ainda não é possível comemorar. Conforme ele, com a proximidade da quadra chuvosa, que deve ocorrer entre os meses de fevereiro e maio, torna-se necessário redobrar cuidados.
“Apesar de não sabermos como será o inverno, já começamos um ano com algumas chuvas. Nossas equipes de vigilância estão em trabalho constante para acompanhar os dados e começar o planejamento de uma operação para o Carnaval, que a Secretaria realiza todos os anos nos municípios onde há um fluxo mais intenso de pessoas nessa época”, observa Garcia.
Fumacê
Outras iniciativas, segundo o médico, são a ampliação das visitas domiciliares feitas por agentes de saúde para prevenção e controle dos focos de dengue, e, em algumas cidades, a aplicação do tratamento a Ultra Baixo Volume (UBV), por meio da utilização de máquinas costais e os chamados carros-fumacê.
Em 2014, de acordo com a Secretaria de Saúde, foram confirmados 16.773 casos de dengue em 145 municípios cearenses. Fortaleza concentrou a grande maioria das ocorrências, contabilizando 4.701 casos. O órgão realizou mais diagnósticos nos meses de abril, maio e junho.
Houve registro de 269 casos de maior complexidade, sendo 280 de Dengue com Sinais de Alarme (DCSA) e 61 de Dengue Grave (DG). No total, 49 pessoas morreram.
No ano passado, a incidência de dengue no Estado como um todo foi de 190,63 casos para cada 100 mil habitantes. A proporção é a menor desde 2011. À época, a taxa era de 673,61 casos por 100 mil pessoas.
Em relação ao ano anterior, a Sesa destaca que o número de notificações no Ceará caiu em torno de 27,5%. A quantidade de casos graves confirmados, entretanto, teve aumento de 40%.
Um dos resultados positivos apontados no boletim da Secretaria foi a redução de 39% nos óbitos em comparação ao mesmo período de 2013, quando 80 pessoas por conta da dengue.
A faixa etária na qual predominaram os casos foi a de 20 a 29 anos (21,7% do total). Em seguida, vieram as pessoas de 30 a 39 anos de idade (16,9%) e as de 40 a 49 anos (13,5%).
Fonte: Diário do Nordeste