Lojistas e consumidores estão modificando os hábitos na tentativa de escapar dos assaltos frequentes na cidadeSobral. Assaltos mudam a rotina de comerciantes e consumidores desta cidade. Medidas como a contratação de empresas de segurança, horário de funcionamento estritamente respeitado e andar com o mínimo de pertences tem sido adotadas pelos moradores. De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Sobral, Raimundo Deocleciano da Frota, a situação da violência na cidade é preocupante. O número de lojistas que buscam empresas especializadas em sistemas de segurança tem aumentado. "Infelizmente, todos os dias ouvimos falar de assaltos e isso preocupa não só os lojistas da cidade, como toda a população".
Universitária Nara Duarte leva só o essencial quando vai às compras. Em alguns estabelecimentos comerciais, os lojistas adotam medidas de segurança, como grades e câmeras para evitar os assaltos FOTO: JESSYCA RODRIGUES
O presidente aponta que houve uma melhora no policiamento no Centro da cidade, entre julho e agosto. Além disso, reuniões com o comando da Polícia e órgãos públicos responsáveis pela segurança têm sido realizados. "Desde julho, há mais policiais a pé e de moto pelo Centro. O coronel Gilvandro é um dos oficiais que tem parado para conversar com os comerciantes com frequência", reconhece.
Mesmo assim, os consumidores ainda têm receio de andar com bolsas, mochilas e carteiras. Numa mesma tarde, chegam a ser abordados até duas vezes por assaltantes. Ruas menos movimentadas são evitadas e a avenida que leva à Universidade Estadual Vale do Acaraú é apontada como uma das mais perigosas.
A universitária Nara Duarte passou por três tentativas de assalto. Destas, em duas estava no Centro da cidade. A primeira foi na Praça do Bosque e a segunda na Rua Domingos Olímpio.
Segundo ela, o assalto não se concretizou porque percebeu que nenhum dos assaltantes estava armado. "Eu reagi por instinto, me recusando a cooperar, embora saiba que essa não é a atitude correta. Eu simplesmente reagi". Ela afirma ainda que não transita mais por esses locais e quando vai ao Centro, evitar levar bolsa, celular e o dinheiro "é contado". "O dinheiro eu levo só o que vou precisar. Cartão, bolsa e outras coisas eu deixo guardado em casa ou no trabalho. Não levaram nada até agora, mas não vou arriscar mais".
Mais viaturas
Segundo o comandante do Ronda do Quarteirão em Sobral, tenente Alexandre Torres, a cidade, normalmente, tem nove viaturas rodando pelos bairros, mas com a chegada de dez oficiais para reforço, o número subiu para também dez. "Já fizemos o requerimento para que o número fixo de viaturas rondando pela cidade seja de 11".
O tenente explica que cerca de 80% das prisões em flagrante em Sobral são realizados pelos policiais do Ronda e, dentro das estatísticas, os presos são quase sempre reincidentes e começaram a praticar delitos desde a adolescência. "Quase todos os suspeitos que abordamos já possuem uma significante ficha criminal. Os que já têm mais de 18 anos, normalmente, começaram a praticar crimes ainda na adolescência. A idade média é de 12 anos". Porém, o policial conta que o Ronda já chegou a apreender um pré-adolescente de 11 anos que praticava pequenos delitos.
Duplas de bicicletas
Conforme o perfil traçado pelo comandante, adolescentes em duplas com bicicletas são a maioria. Poucos levam armas de verdade, usando mais a intimidação com a vítima. "Eles fazem a pessoa acreditar que portam armas, colocando as mãos por baixo da camisa. As vítimas preferidas são mulheres, em sua maioria desacompanhadas". De acordo com os dados colhidos na cidade, 90% deles são semi analfabetos ou com pouco estudo, possuem problemas familiares e estão envolvidos de alguma maneira com drogas. "Quase todos os assaltos e furtos são realizados para manter o vício", afirma. Os bairros mais perigosos também foram mapeados, como Vila União, Terrenos Novos, Sumaré e Alto Novo. Há ainda rivalidade de grupos entre eles. "Não há uma organização de gangue, mas grupos brigam entre si por território e outros pormenores".
Tragédia
O assassinato do comerciante Antônio Hélio Carneiro Liberato no último dia 14, marcou a cidade. Ocorrido menos de cinco dias depois do protesto realizado por comerciantes pedindo segurança, o crime foi durante uma tentativa de assalto quando o comerciante voltava para casa.
Era por volta das 23h30 quando o empresário retornava acompanhado de familiares e foi abordado ao estacionar o carro em sua garagem. Um casal visto anteriormente no local entrou na garagem e um homem efetuou dois disparos, acertando um deles na cabeça do comerciante. Um acusado de alcunha "Paulista" foi preso na mesma noite pelo Ronda do Quarteirão. De acordo com a Delegacia da Polícia Civil, o acusado teve seu nome em sigilo para resguardar as investigações. Outros três suspeitos já foram identificados.
JESSYCA RODRIGUESCOLABORADORA
Insegurança também em Limoeiro
Limoeiro. Onda de roubos a estabelecimentos comerciais e a pessoas também tem mudado a rotina de lojistas e moradores deste município. Andar sempre acompanhado, evitar ruas desertas e horários com menos movimento são algumas das alternativas que a população encontra para se proteger. Porém, em alguns momentos, a situação parece inevitável.
Roubo de motocicletas está entre as ocorrências com maior registro de casos nas estatísticas da Polícia Militar da região FOTO: ELLEN FREITAS
Boa parte das ocorrências registradas pelo setor de estatísticas do 1º Batalhão de Polícia Militar, localizado neste município, dão conta de que pouco mais de 40% dessas ocorrências são no centro comercial da cidade e seu entorno. Segundo os dados de primeiro de janeiro até 21 de agosto ocorreram 87 furtos, sendo 39 a estabelecimentos comerciais e 48 a pessoa, que inclui roubo de objetos (como celulares e carteiras) e motocicletas.
Quem faz parte dessa estatística é o mecânico de motos, Ramuel Freitas. Ele conta que teve sua moto roubada há cerca de dois meses, enquanto estava na Igreja Matriz. "Eu cheguei por voltas das 19h e estacionei a moto do lado da Igreja. Quando a missa terminou, por volta das 20h, ela não estava mais lá".
Freitas acredita que os ladrões tenham feito ligação direta, sem uso da chave. "Essas motos novas que estão sendo lançadas estão vindo mais seguras, mas as mais antigas não, são fáceis de fazer esse processo. O que eu aconselho é que os donos desses veículos tenham uma atenção redobrada no local onde deixa a moto e se certifique de que a tranca e a ignição sejam novas, assim fica muito mais difícil de serem roubadas".
Dois dias depois do roubo, ele foi informado de que sua moto havia sido encontrada pela Polícia Militar, abandonada, na comunidade do Frade, zona rural deste município distante de 8km do Centro.
Há inúmeros casos de furto de celulares, mas boa parte da população não registra a ocorrência na Polícia, mas a notícia acaba se espalhando entre os moradores. Diante do elevado número de roubos, a população está mudando a rotina, como forma de se proteger. A cuidadora de idosos, Rosana Carvalho, conta que mal sai de casa por medo de ser assaltada. "Está muito perigoso sair na rua, por isto mal saio. Dependendo pra onde eu vou, eu levo somente o celular. Também evito de andar em algumas ruas mais desertas", afirma.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Russas, Francisco Martins Dantas, considera assustador o número de assaltos a estabelecimentos comerciais. Além da frequência com que vem ocorrendo, a situação está se espalhando por outros bairros da cidade. "Diante desse alastramento de assaltos feitos a estabelecimentos comerciais, principalmente em lojas do Centro, o comerciante tem receio de trabalhar além do horário das 18 horas. No momento do fechamento das lojas, eles ficam indefesos, porque a qualquer hora podem ser assaltado. Infelizmente, a Polícia não tem contingente para estar em todos os locais, assim, o elemento surpresa é sempre uma preocupação pra nós", desabafa.
Ocorrências
Dantas relata ainda que, em alguns casos, as ações são violentas, com ameaças. "No momento do assalto, ficamos vulneráveis, porque não se sabe o que pode acontecer", lamenta.
O mês de agosto tem se mostrado com maior número de ocorrências no ano, registrando 17 roubos (dez a estabelecimentos comerciais e sete a pessoas).
Segundo o comandante do 1º BPM, tenente coronel Izaías Ferreira, o número dessas ocorrências está associado à liberação de presidiários.
"Há meses que pouco se constada ocorrências, mas quando alguns indivíduos são soltos, percebemos que esse número cresce", afirma.
Na sua avaliação, a Polícia tem tido dificuldades em fazer prisão em flagrante, cabendo à Polícia Civil as investigações das ocorrências.
ELLEN FREITASCOLABORADORA
Fonte: DN
Universitária Nara Duarte leva só o essencial quando vai às compras. Em alguns estabelecimentos comerciais, os lojistas adotam medidas de segurança, como grades e câmeras para evitar os assaltos FOTO: JESSYCA RODRIGUES
O presidente aponta que houve uma melhora no policiamento no Centro da cidade, entre julho e agosto. Além disso, reuniões com o comando da Polícia e órgãos públicos responsáveis pela segurança têm sido realizados. "Desde julho, há mais policiais a pé e de moto pelo Centro. O coronel Gilvandro é um dos oficiais que tem parado para conversar com os comerciantes com frequência", reconhece.
Mesmo assim, os consumidores ainda têm receio de andar com bolsas, mochilas e carteiras. Numa mesma tarde, chegam a ser abordados até duas vezes por assaltantes. Ruas menos movimentadas são evitadas e a avenida que leva à Universidade Estadual Vale do Acaraú é apontada como uma das mais perigosas.
A universitária Nara Duarte passou por três tentativas de assalto. Destas, em duas estava no Centro da cidade. A primeira foi na Praça do Bosque e a segunda na Rua Domingos Olímpio.
Segundo ela, o assalto não se concretizou porque percebeu que nenhum dos assaltantes estava armado. "Eu reagi por instinto, me recusando a cooperar, embora saiba que essa não é a atitude correta. Eu simplesmente reagi". Ela afirma ainda que não transita mais por esses locais e quando vai ao Centro, evitar levar bolsa, celular e o dinheiro "é contado". "O dinheiro eu levo só o que vou precisar. Cartão, bolsa e outras coisas eu deixo guardado em casa ou no trabalho. Não levaram nada até agora, mas não vou arriscar mais".
Mais viaturas
Segundo o comandante do Ronda do Quarteirão em Sobral, tenente Alexandre Torres, a cidade, normalmente, tem nove viaturas rodando pelos bairros, mas com a chegada de dez oficiais para reforço, o número subiu para também dez. "Já fizemos o requerimento para que o número fixo de viaturas rondando pela cidade seja de 11".
O tenente explica que cerca de 80% das prisões em flagrante em Sobral são realizados pelos policiais do Ronda e, dentro das estatísticas, os presos são quase sempre reincidentes e começaram a praticar delitos desde a adolescência. "Quase todos os suspeitos que abordamos já possuem uma significante ficha criminal. Os que já têm mais de 18 anos, normalmente, começaram a praticar crimes ainda na adolescência. A idade média é de 12 anos". Porém, o policial conta que o Ronda já chegou a apreender um pré-adolescente de 11 anos que praticava pequenos delitos.
Duplas de bicicletas
Conforme o perfil traçado pelo comandante, adolescentes em duplas com bicicletas são a maioria. Poucos levam armas de verdade, usando mais a intimidação com a vítima. "Eles fazem a pessoa acreditar que portam armas, colocando as mãos por baixo da camisa. As vítimas preferidas são mulheres, em sua maioria desacompanhadas". De acordo com os dados colhidos na cidade, 90% deles são semi analfabetos ou com pouco estudo, possuem problemas familiares e estão envolvidos de alguma maneira com drogas. "Quase todos os assaltos e furtos são realizados para manter o vício", afirma. Os bairros mais perigosos também foram mapeados, como Vila União, Terrenos Novos, Sumaré e Alto Novo. Há ainda rivalidade de grupos entre eles. "Não há uma organização de gangue, mas grupos brigam entre si por território e outros pormenores".
Tragédia
O assassinato do comerciante Antônio Hélio Carneiro Liberato no último dia 14, marcou a cidade. Ocorrido menos de cinco dias depois do protesto realizado por comerciantes pedindo segurança, o crime foi durante uma tentativa de assalto quando o comerciante voltava para casa.
Era por volta das 23h30 quando o empresário retornava acompanhado de familiares e foi abordado ao estacionar o carro em sua garagem. Um casal visto anteriormente no local entrou na garagem e um homem efetuou dois disparos, acertando um deles na cabeça do comerciante. Um acusado de alcunha "Paulista" foi preso na mesma noite pelo Ronda do Quarteirão. De acordo com a Delegacia da Polícia Civil, o acusado teve seu nome em sigilo para resguardar as investigações. Outros três suspeitos já foram identificados.
JESSYCA RODRIGUESCOLABORADORA
Insegurança também em Limoeiro
Limoeiro. Onda de roubos a estabelecimentos comerciais e a pessoas também tem mudado a rotina de lojistas e moradores deste município. Andar sempre acompanhado, evitar ruas desertas e horários com menos movimento são algumas das alternativas que a população encontra para se proteger. Porém, em alguns momentos, a situação parece inevitável.
Roubo de motocicletas está entre as ocorrências com maior registro de casos nas estatísticas da Polícia Militar da região FOTO: ELLEN FREITAS
Boa parte das ocorrências registradas pelo setor de estatísticas do 1º Batalhão de Polícia Militar, localizado neste município, dão conta de que pouco mais de 40% dessas ocorrências são no centro comercial da cidade e seu entorno. Segundo os dados de primeiro de janeiro até 21 de agosto ocorreram 87 furtos, sendo 39 a estabelecimentos comerciais e 48 a pessoa, que inclui roubo de objetos (como celulares e carteiras) e motocicletas.
Quem faz parte dessa estatística é o mecânico de motos, Ramuel Freitas. Ele conta que teve sua moto roubada há cerca de dois meses, enquanto estava na Igreja Matriz. "Eu cheguei por voltas das 19h e estacionei a moto do lado da Igreja. Quando a missa terminou, por volta das 20h, ela não estava mais lá".
Freitas acredita que os ladrões tenham feito ligação direta, sem uso da chave. "Essas motos novas que estão sendo lançadas estão vindo mais seguras, mas as mais antigas não, são fáceis de fazer esse processo. O que eu aconselho é que os donos desses veículos tenham uma atenção redobrada no local onde deixa a moto e se certifique de que a tranca e a ignição sejam novas, assim fica muito mais difícil de serem roubadas".
Dois dias depois do roubo, ele foi informado de que sua moto havia sido encontrada pela Polícia Militar, abandonada, na comunidade do Frade, zona rural deste município distante de 8km do Centro.
Há inúmeros casos de furto de celulares, mas boa parte da população não registra a ocorrência na Polícia, mas a notícia acaba se espalhando entre os moradores. Diante do elevado número de roubos, a população está mudando a rotina, como forma de se proteger. A cuidadora de idosos, Rosana Carvalho, conta que mal sai de casa por medo de ser assaltada. "Está muito perigoso sair na rua, por isto mal saio. Dependendo pra onde eu vou, eu levo somente o celular. Também evito de andar em algumas ruas mais desertas", afirma.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Russas, Francisco Martins Dantas, considera assustador o número de assaltos a estabelecimentos comerciais. Além da frequência com que vem ocorrendo, a situação está se espalhando por outros bairros da cidade. "Diante desse alastramento de assaltos feitos a estabelecimentos comerciais, principalmente em lojas do Centro, o comerciante tem receio de trabalhar além do horário das 18 horas. No momento do fechamento das lojas, eles ficam indefesos, porque a qualquer hora podem ser assaltado. Infelizmente, a Polícia não tem contingente para estar em todos os locais, assim, o elemento surpresa é sempre uma preocupação pra nós", desabafa.
Ocorrências
Dantas relata ainda que, em alguns casos, as ações são violentas, com ameaças. "No momento do assalto, ficamos vulneráveis, porque não se sabe o que pode acontecer", lamenta.
O mês de agosto tem se mostrado com maior número de ocorrências no ano, registrando 17 roubos (dez a estabelecimentos comerciais e sete a pessoas).
Segundo o comandante do 1º BPM, tenente coronel Izaías Ferreira, o número dessas ocorrências está associado à liberação de presidiários.
"Há meses que pouco se constada ocorrências, mas quando alguns indivíduos são soltos, percebemos que esse número cresce", afirma.
Na sua avaliação, a Polícia tem tido dificuldades em fazer prisão em flagrante, cabendo à Polícia Civil as investigações das ocorrências.
ELLEN FREITASCOLABORADORA
Fonte: DN