Thiago Neves saiu de férias, não voltou mais e foi parar nas Laranjeiras. Ronaldinho Gaúcho viajou para visitar a mãe doente em Porto Alegre e despediu-se com uma cobrança na Justiça de mais de R$ 40 milhões. Deivid quase cumpriu o contrato, mas decidiu fazer acordo e as malas. Garantiu o recebimento de parte de uma dívida milionária e pulou do barco em troca de três anos de contrato com o Coritiba. Pouco a pouco, crise por crise, o Flamengo perdeu os jogadores que mais fizeram gols pelo time em 2011.
Na temporada passada, o Rubro-Negro marcou 106 vezes em 69 jogos, incluindo amistosos. Ronaldinho, Thiago Neves e Deivid fizeram 21 gols cada, num total de 63. Diferentemente do que ocorre hoje, a produtividade do ataque era dividida. Agora, se Vagner Love não corresponde, como ocorreu na derrota por 2 a 0 para o Santos, nesta quarta-feira, a bola raramente entra. Em cinco jogos no returno, o time de Dorival Júnior marcou só dois gols. Ibson fez no empate por 1 a 1 com o Sport, e Love deixou o de honra na goleada por 4 a 1 sofrida contra o Inter.
Para se ter uma ideia da metamorfose, na 24ª rodada do Brasileirão do ano passado, o Flamengo era o dono do segundo ataque mais positivo do campeonato ao lado do São Paulo, com 39 gols. Em sexto lugar, com 37 pontos, dez posições e dez pontos a mais na tabela em relação ao desempenho atual, só perdia para Inter e Coritiba, que naquele momento tinham 40 gols cada. Nesta edição, o Rubro-Negro chega à 24ª rodada com 23 gols e é o terceiro pior ataque, à frente apenas de Palmeiras (22) e Sport (20). Lembrando que o Flamengo tem um jogo a menos que 18 concorrentes (a partida adiada contra o Atlético-MG será no próximo dia 26).
O número de jogadores do time que fizeram gols até este momento da competição é o mesmo de 2011: dez. O problema é que só Vagner Love e Renato, que se recupera de cirurgia no joelho direito, se aproximam dos antigos goleadores. Há um ano, Ronaldinho era o artilheiro do time no Brasileirão, com 12 gols. Love tem dez. Deivid tinha nove, e Thiago Neves e Jael, quatro. Em 2012, Renato, que não joga desde 19 de agosto, é o vice-artilheiro. O camisa 11 fez quatro gols – três de falta e um de pênalti.
Raras assistências e poucas finalizações
“A bola não chega” . A queixa já foi feita por Vagner Love neste campeonato, e o atacante tem boa dose de razão. Dos 23 gols do Flamengo no Brasileiro, só 11 nasceram de assistências, um percentual de 47,9%. É o pior aproveitamento entre as 20 equipes. Para efeito de comparação, o São Paulo marcou 34 gols, sendo 28 com assistências. O aproveitamento é o melhor: 82,4%. - (No jogo contra o Santos) a gente viu que as jogadas saíram de chutão do Felipe para encontrar o Love e ele se virar sozinho lá na frente. Realmente, o time está muito carente de criação. O Bottinelli ao longo desse tempo não apresentou o futebol esperado, e os garotos não conseguem assumir a responsabilidade - avaliou o comentarista do SporTV André Loffredo. Vagner Love: dificuldades no ataque do Flamengo (Foto: Ricardo Saibun / Ag. Estado)
O desempenho rubro-negro nas finalizações também é pífio. O Fluminense, líder do campeonato, também lidera neste fundamento. Em toda a competição, são 265, sendo 40 gols marcados. Ou seja, a cada 6,6 finalizações, a equipe balança as redes uma vez. O segundo colocado no quesito é o Botafogo, que finalizou 271 vezes e fez 38 tentos, alcançando média de 7,1. Atrás deles aparecem o Coritiba, com 279 finalizações e 37 gols (média de 7,5), e o Atlético-MG, com 302 tentativas, 39 tentos (média de 7,7). O Vasco fecha os cinco primeiros, tendo finalizado 250 vezes, marcado 31, e com índice de acerto de 8,0. O Flamengo é apenas o 15ª no quesito, com média de 10,9, 251 tentativas e 23 gols. Ou seja, é preciso chutar quase 11 vezes para colocar a bola na rede. Ainda assim, Love é o vice-artilheiro do campeonato, com dez gols, um a menos que Fred, do Flu.
Um ano depois...
Thiago Neves curte a liderança pelo Flu
(Foto: Dhavid Normando / Photocamera)
Distantes dos problemas do Flamengo, Thiago Neves, Ronaldinho e Deivid atravessam momentos positivos no Brasileirão. Thiago é o camisa 10 do líder e, apesar dos altos e baixos, é titular absoluto da equipe de Abel Braga. No início da semana, foi convocado por Mano Menezes para defender a seleção brasileira no Superclássico das Américas, contra a Argentina. Ele tem quatro gols na competição.
Ronaldinho é o condutor do Atlético-MG. No Galo, o meia-atacante veste a camisa 49 e mesmo sem ser brilhante se destaca na campanha do vice-líder. Além de sete assistências, ele já fez cinco gols.
Deivid deixou a ebulição do Rubro-Negro para trás há duas semanas e começa a ajudar o Coritiba a se recuperar. Depois da estreia com vitória sobre o Flamengo, por 3 a 0, com assistência para o terceiro gol, ele fez o primeiro dele pelo Coxa na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-GO, na 24ª rodada. O time é o 13º, com 28 pontos, e já ultrapassou o ex-clube do camisa 9.
