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| Foto reprodução: G1 |
A partir desta terça-feira (9) quarta-feira (10), na Austrália entra em vigor uma nova e inédita lei que proíbe menores de 16 anos de acessarem redes sociais como Instagram, TikTok, YouTube e Snapchat. Para cumprir a regra, as plataformas terão de adotar mecanismos de verificação de idade considerados “razoáveis” pelo governo. Caso não consigam barrar o acesso de usuários mais jovens, as empresas poderão enfrentar multas pesadas.
A solução mais óbvia pedir um documento oficial, como passaporte ou carteira de motorista foi logo descartada pelo governo australiano. O motivo: além de ser fácil para adolescentes usarem documentos de familiares, a prática levantou fortes preocupações de privacidade e poderia afastar adultos que não querem entregar dados sensíveis às plataformas.
Diante disso, as empresas foram orientadas a buscar alternativas que não exijam documentos governamentais. Algumas optaram por serviços externos de checagem. O Snapchat, por exemplo, passou a permitir verificação via conta bancária australiana ou por meio do k-ID, um sistema de Singapura que aceita identificação digital e também estimativas de idade a partir de selfies.
Segundo o Snap, os documentos enviados aos parceiros servem apenas para confirmar a idade e retornam ao aplicativo como um simples “sim” ou “não”. Além disso, o k-ID também pode calcular a idade aproximada do usuário com base em uma selfie.
Outras plataformas tomaram um caminho semelhante. A Meta, dona do Instagram e do Facebook, contratou a startup britânica Yoti para conferir documentos e analisar selfies. Segundo a empresa, seu algoritmo já consegue estimar a idade de uma pessoa em cerca de um minuto, identificando padrões faciais que diferenciam, por exemplo, alguém de 17 anos de alguém de 28. O mesmo sistema foi adotado pelo TikTok. A Yoti afirma ainda que apaga os dados logo após a análise e é capaz de detectar tentativas de fraude, como fotos ou vídeos usados no lugar de uma pessoa real.
Mesmo assim, especialistas reconhecem que há riscos de erro, especialmente em usuários muito próximos dos 16 anos ou que tentem burlar o sistema.
Nem todos os australianos terão que provar sua idade. A checagem será direcionada apenas a contas suspeitas de pertencerem a menores. A Meta, por exemplo, já começou a desativar perfis com base na idade declarada pelo próprio usuário no cadastro. Plataformas também usam dados comportamentais para estimar faixas etárias, como o tipo de conteúdo consumido, variações de uso em dias de aula, e até pistas indiretas como e-mails usados em serviços de adultos ou mensagens de aniversário.
Essa coleta massiva de dados, porém, levanta novos debates sobre privacidade mesmo que as empresas já utilizem essas informações para segmentar anúncios.
A comissária australiana de segurança digital, Julie Inman Grant, afirmou que uma “cascata” de métodos diferentes pode reduzir erros, ainda que nenhuma técnica seja perfeita. Para Andy Lulham, da empresa Verifymy, os desafios vão continuar. “Os sistemas nem sempre funcionam bem com quem acabou de completar 16 anos e não possui ou não quer usar um documento de identidade”, afirmou. Nessas situações, um adulto responsável poderá confirmar a idade do jovem.
Fonte: G1

