Reformas em praças custaram milhões aos cofres públicos, mas população questiona qualidade do trabalho.
Obras ainda não entregues têm gerado indignação entre a população deste município. Parque Mucambinho, Vila Olímpica e Sobral Novo Centro são exemplos de projetos que se arrastam há anos, gerando incômodos. O caso mais recente foi a Praça Duque de Caxias, mais conhecida como Praça do Bosque, parte do conjunto de ações Sobral Novo Centro, que causou debate devido a aspectos como qualidade da obra, retirada de quiosque e derrubada de árvores. A data de entrega, marcada inicialmente para o dia 3 de janeiro, foi adiada sem explicações.
De acordo com a Prefeitura, após a requalificação, a praça passaria a ter um espelho d’água, área de recreação com brinquedos e mesas de jogos de tabuleiro, equipamentos de ginástica e iluminação especial. O logradouro, sozinho, recebeu investimento de R$ 1.346.184,57 em recursos do Programa de Desenvolvimento Urbano de Polos Regionais (Programa Cidades do Ceará II) do Governo do Estado, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Descaso
Para a população, entretanto, o gasto não foi justificado. Embora a praça ainda esteja isolada para a comunidade por meio de fitas e telas, o descaso já pode ser observado no piso mal instalado, na retirada de árvores e na remoção do quiosque onde funcionava uma lanchonete. Para a dona de casa Sheila Fialho, era melhor não ter reformado o local. “Se era para fazer tudo malfeito e de péssimo gosto, era melhor ter deixado como estava. Sem o quiosque, a praça vai ficar um deserto e a insegurança vai piorar. E com a retirada das árvores, então? Qual o sentido de se chamar de Praça do Bosque?”, indagou.
Fiscalização
O vereador Gilmar Bastos protocolou dois requerimentos de fiscalização para a obra, um para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e outro para a Procuradoria de Contas do TCE.
Outro caso é o das obras no Parque Mucambinho, avaliadas em R$9 milhões. Os trabalhos foram iniciados há cinco anos, e, hoje, o local deveria estar beneficiando cinco bairros, como Tamarindo e Sumaré.
No projeto, estavam contempladas ações de urbanização; construção de um conjunto habitacional e de um Centro de Assistência Social, no bairro Dom José; e implantação de duas creches, uma no bairro Sumaré e outra no Padre Palhano. A atual situação do Parque é de abandono, com lixo jogado em toda sua extensão, esgoto estourado, mato tomando de conta do canal.
Inacabadas
Durante o ano de 2013, o município recebeu verbas do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) 2, referente às cidades históricas. Foram apresentados 15 projetos, entre restauro e requalificação de prédios históricos, como o Museu Dom José; intervenções na área urbana, como mudanças na comunicação visual do Centro Histórico, com identificação dos monumentos; e ampliação do projeto de internalização das redes elétricas, lógica e telefônica na área do Centro Histórico de Sobral.
Os projetos previstos para Sobral somam investimentos de aproximadamente R$ 35 milhões. As obras propostas pelo município seguem as orientações do PAC, tais como envolver a área tombada e o entorno e serem integradas.
Também passam por obras de requalificação a Praça do Amor e a Praça do Patrocínio. As obras nas praças e as que estão sendo realizadas no Centro Histórico de Sobral integram o Projeto Sobral Novo Centro.
Irregularidades
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Sobral, as árvores da Praça do Bosque foram retiradas pois algumas estavam condenadas e outras haviam sido plantadas sem planejamento. Já o quiosque foi removido devido a irregularidade de permanecia, já que o local vendia bebidas alcoólicas. Foi fornecido o contato da secretaria municipal que coordena as obras, mas a responsável não foi localizada.
Fonte: Diário do Nordeste