Renato ainda falou que, ao receber o convite para fazer o humorístico na Globo, ficou com muito medo de seu “humor ingênuo”, inspirado em Oscarito (1906-1970) - considerado um dos mais populares cômicos do Brasil - “fosse considerado desqualificado na Globo”. Que nada, Renato. Se tornou um mega sucesso com popularidade de Norte a Sul do país. E o quarteto, além do programa na TV, chegou a rodar um filme a cada seis meses, sempre com aquelas referências à chanchada e à "comédia pastelão". Em tempo": até hoje eles inspiram novos comediantes.
A entrevista foi iniciada com um desabafo de Renato: “Eu queria ser como o Didi, alegre e irresponsável. Eu sou completamente o avesso. Eu não saio de casa. Para ir a um evento é a coisa mais difícil do mundo e, ao aceitar esse convite de vir aqui, há um mês eu não durmo”. Quando lembrou a infância em Sobral, no Ceará, disse que não achava que iria dar certo na vida. “Quando tinha uns 15 anos, apareceu uma pessoa na minha vida chamada Oscarito. Eu fui ver um filme dele uma vez, duas, três, 18 vezes e pensei: ‘Então é isso. Eu ainda vou ser essa cara’”, comentou.
O humorista revelou que não podia ir para a televisão e fazer humor com um personagem chamado Renato: “Não é um nome carinhoso. Daí surgiu o Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo. E não me pergunte o que isso significa". E ainda fez uma homenagem aos parceiros que “interpretaram personagens com a cara do Brasil junto com o nordestino aqui: o galã da periferia, o negão do morro e o mineirinho. Manfried Sant'anna, o "Dedé Santana", Mario Faccio Gonçalves, o "Zacarias", e o sambista Antonio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum", os dois últimos falecidos”. E concluiu com a seguinte frase: “Fomos empurrados pelo sucesso a um ponto que não podíamos tirar o pé do acelerador”.
E Renato Aragão chorou ao nos contar os bastidores de sua empreitada frente ao programa de ajuda às crianças carentes, o Criança Esperança. “Em Pernambuco, eu soube do caso de uma criança do sertão, à beira da morte por falta de comida com a seca, que perguntou à mãe minutos antes de morrer: ‘Mamãe, no céu tem pão?'. Nós tínhamos de fazer alguma coisa".
Encerrou a entrevista respondendo à pergunta sobre o que viu da vida: “Vi muita gente boa e muita gente má. Uma balança com peso igual”. E nos avisou que mudará o seu nome para Renato Esperança. Dá-lhe, Renato!
Por Heloísa Tolipan/Jornal do Brasil